Casa de John Knox, Reformador Escoces
Cruz Celta
Nike é mais conhecida do que Jesus na Escócia
A Igreja da Escócia é presbiteriana sendo a igreja oficial do país. Ela não está sujeita ao Estado, embora tenha sido estabelecida por ele. Diferentemente da Igreja da Inglaterra que tem a forma de governo anglicana, os escoceses têm orgulho de dizer que a Reforma Escocesa teve como objetivo o resgate do Evangelho, enquanto a Reforma Inglesa foi política.A Reforma Escocesa iniciada em 1560 foi liderada pelo calvinista John Knox. Durante os séculos 17 e 18 a Igreja manteve uma teologia rígida e controlou a moralidade da sociedade. Ela teve influência no desenvolvimento cultural do país: como os calvinistas não são participantes do ano litúrgico cristão, o Natal, por exemplo, não era amplamente comemorado até a metade do século 20. Além disso, a natureza intelectual do calvinismo ajudou no desenvolvimento de pensadores escoceses durante o Iluminismo no século 18. Infelizmente, a desconfiança da igreja sobre a sensualidade na música e na arte, fez com que os escoceses dessem pouca contribuição artística até o século 19.
No último censo, em 2001, 42% dos escoceses se declararam protestantes, 16% católicos (muitos vieram da Irlanda) e 28% sem religião.Algumas cidades têm sentido o problema da divisão entre presbiterianos e católicos. Em Edimburgo, capital do país, o problema pode ser percebido até nas equipes de futebol como o Hibernian e o Hearts, católico e protestante, respectivamente.O Hibernian foi criado com o objetivo de levantar dinheiro para ajudar os católicos irlandeses, em 1875. Enquanto o Hearts foi criado em 1874 na igreja de St. Giles, que é conhecida como a “Igreja Mãe” da Reforma Escocesa e onde se encontra o corpo de John Knox. Portanto, os conflitos não são tão sérios como aconteciam na Irlanda, mas ainda há um tipo de rivalidade entre católicos e protestantes.
A Free Church of Scotland, que oferece até mesmo cursos de pós-graduação no seu College, tem uma liturgia bem tradicional, sem músicas moderninhas, utilizando somente salmos. Ela surgiu da separação da Igreja da Escócia, aberta a idéias contrárias à igreja do início da reforma com John Knox. Por exemplo, a permissão dada às mulheres para serem ordenadas ao ministério. Elas receberam a permissão para a serem ordenadas diaconisas em 1935 e para pregarem em 1949, sendo que a primeira mulher a ser ordenada pastora foi no ano de 1969 na cidade de Aberdeen, norte da Escócia.Há ainda a Igreja Episcopal Escocesa, de base anglicana, e algumas pentecostais. No dito censo, 7% estão na categoria outros cristãos. Com a entrada dos paises do Leste na União Européia, podemos observar um grande crescimento de católicos, devido ao movimento migratório, principalmente de poloneses.
Desde o século 19 a Igreja da Escócia tem sido tolerante com as diferentes denominações e muito interessada no Ecumenismo.Infelizmente, hoje as igrejas estão vazias, somente os idosos freqüentam os cultos. Não há renovação dos jovens. As famílias de berço cristão tentam motivar seus filhos a irem a igreja e participarem dos cultos. Mas, os adolescentes aos 16 anos escolhem que não querer mais participar da igreja. Não existe um trabalho com os adolescentes para que permaneçam na igreja, e nem mesmo para alcançá-los. Não existe Escola Bíblica.
O ateísmo tem crescido e em uma pesquisa recente publicada em um jornal local foi apontado que a marca Nike é mais conhecida entre os jovens do que Jesus. Nas escolas secundárias (High School) os professores de religião, na grande maioria, são ateus. O mais chocante é que se você perguntar nas ruas a qualquer jovem se ele crê em Deus a resposta será não. Sobre Jesus, não sabem quem foi e ainda perguntam surpresos, se é verdade que ele foi crucificado.
Há ainda a Igreja Batista, que está situada entre os presbiterianos e os pentecostais em número de fiéis. Não está tão vazia, mas também não está crescendo. Ela ainda possui Escola Bíblica, mas os jovens não são atraídos a freqüentar os cultos. As Igrejas Pentecostais estão surgindo e atraindo muitos escoceses. Os pentecostais tem crescido bastante. A Igreja Pentecostal Destiny, em Edimburgo, tem reuniões em grupos pequenos, que se reúnem durante a semana nas casas. Além disso, são feitas projeções de filmes e debates com jovens. Destiny tem um culto jovem com guitarras, baterias e baixos, além das vozes. O pastor é novo e carismático. Esta igreja está sempre cheia. Às vezes não se encontra lugares para sentar. O culto é realizado em três horários diferentes, dois pela manhã e um à noite. E já há uma campanha para a compra de um cinema que será transformado em igreja. Outra que segue bem cheia é a Igreja de Africanos, também pentecostal.
Em um recente debate de rádio perguntava-se se a Escócia ainda era um país cristão. Afinal a maioria se declarou protestante, mas poucos freqüentam a igreja. A grande questão é: até que ponto um país é cristão se as pessoas não vão aos cultos? Os ouvintes, na grande maioria, entendiam que a Escócia era cristã porque os valores morais e éticos regidos na sociedade eram baseados no cristianismo.
Dois anos atrás foi votado no Parlamento a proibição de se dizer a frase “Só Jesus Cristo Salva”. Porque isso fere o direito das outras religiões. Felizmente, os cristãos se uniram e fizeram um abaixo assinado contra a lei. O projeto não foi aprovado.
Um dia a Escócia, que foi presbiteriana, enviou grandes pregadores e missionários para o mundo como Eric Liddel, medalha de ouro nos 400 m dos Jogos Olímpicos de 1924 (Paris), apelidado de “O Voador Escocês”, missionário na China. A Escócia enviou para o Brasil, em 1855, o missionário Robert R. Kalley, médico, apelidado de “O Lobo da Escócia”, apesar de ser presbiteriano, no Brasil ele deu origem ao congregacionalismo. David Livingstone, Charles Frederick Mackenzie nasceram na Escócia, entre outros não tão famosos, mas igualmente importantes no trabalho missionário.É com muita tristeza que vemos as igrejas na Escócia sendo demolidas, virarem restaurantes ou se transformarem em centros de informação turística. Mas, sentimos que ainda ha esperança, se oramos e fizermos a nossa parte.